quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Você sabe com quem está falando?

Um dos maiores defeitos que o ser humano pode agregar é a megalomania associada ao espírito de superioridade. Quem possui essas medonhas características vive em volta em um universo onde tudo gira ao seu redor, ele é sempre superior em todos os aspectos, o seu status social permite perfeitamente que ele inferiorize os demais humildes seres humanos, quando ele se sente ameaçado usa uma frase clássica: “você sabe com quem está falando?’’
Essa frase pernóstica e segregadora deveria ser crime inafiançável, pois ela sempre implica uma separação radical e autoritária entre duas posições diferentes, essa frase que muitos usam com orgulho, não deveria ser, pois em si só ela traz uma carga considerada antipática e reprovável. A expressão é sempre um recurso escuso ou ilegítimo, geralmente usada quando o ”todo poderoso” sente sua autoridade ameaçada ou diminuída, quando deseja impor de forma definitiva o seu poder ou status ou quando simplesmente deseja inferiorizar o seu interlocutor em relação a sua posição social, confesse, você não fica P da vida quando ouve: ”você sabe com quem está falando?
Concordo plenamente que o critério econômico determina o padrão de vida, isso é obvio, mas de forma alguma deveria determinar o padrão de relações pessoais e morais, pois isso gera sentimentos como medo, inveja e antipatia.
Quando fui vitima dessa frase recentemente, em um lugar publico quando alguém que se julgava superior tomou a minha vez na repartição para ser atendido eu apelei para frase: ”quem você pensa que é?” essa pergunta tem o sentido inverso da ”você sabe com quem está falando?,” pois situa o homem como igual, mostra para o pedante que independente da sua posição ele teoricamente não tem nenhum direito a mais do que os outros, essa formula fez o arrogante pensar e o trouxe de volta ao mundo real, reforçando as regras igualitárias e colocando no plano da ilusão e fantasia torpe as pretensões hierarquizadas.
Pesquisando o modelo europeu de convivência descobri que se numa fila o soldado chega antes do cabo, o cabo antes do sargento e o sargento antes do capitão, não há lei alguma capaz de alterar essa ordem. O superior esperará sua vez com a maior naturalidade. Pois todos têm direitos iguais na constituição deles, e por incrível que pareça na nossa também! A nossa real identidade não é o papel que estamos desempenhando na sociedade, não é a roupa de linho branco, os gestos e maneiras, o anel de formatura ou a caneta tinteiro no bolso de fora do paletó.
A nossa real identidade esta na essência do que realmente somos, seres humanos iguais e que merecem o mesmo tratamento em qualquer lugar.
Por: Joab Ricardo

Nenhum comentário:

Postar um comentário